A Bíblia foi alterada com o tempo?

Um dos argumentos mais utilizados por quem não acredita na Bíblia é que sendo um livro tão antigo, ela teria sido alterada com o tempo. Nesses milhares de anos, governantes, líderes religiosos ou pessoas poderosas do passado teriam alterado o seu conteúdo. Assim, mesmo que ela tinha sido uma revelação de Deus, não poderíamos acreditar no que ela diz hoje. Portanto, a Bíblia que temos agora não passaria de um livro escrito pela vontade de seres humanos. Mas como podemos ter certeza de que a Bíblia permaneceu inalterada com o tempo?

Como veremos neste artigo, atualmente, temos provas históricas e arqueológicas para confiar nas Escrituras. São provas de que a Bíblia que lemos hoje, é a mesma escrita por inspiração do Senhor há milhares de anos.

Introdução

A Bíblia não é apenas um livro, mas, na verdade, uma coleção de escritos hebraicos milenares que herdamos dos judeus. Mas de forma resumida, ela está dividida em duas grandes partes que descrevem como um grande Plano de Redenção está sendo executado por Deus:

  1. O Antigo Testamento (AT) carrega a promessa da vinda de um Salvador que morreria pelos pecados da humanidade, cumprindo a primeira parte do Plano.
  2. A segunda parte, está no Novo Testamento (NT), em que esse plano se cumpre em Cristo com sua morte e a promessa do Seu retorno.

Assim, vamos dividir este artigo em dois blocos que explicam a fidelidade do Antigo e Novo Testamentos. E o porquê podemos confiar que a Bíblia que temos hoje é a mesma de quando foi escrita e pregada no passado.

A fidelidade do Antigo Testamento

O Antigo Testamento das nossas bíblias é o mesmo texto atual da bíblia hebraica, a Bíblia dos judeus. Ele contém exatamente os mesmos livros que vão de Gênesis a Malaquias (apenas a ordem muda).

Nos dias de Jesus, a bíblia hebraica já estava completa e continha todos esses livros há cerca de 300 anos. Mas não só isso, ela também já possuía uma versão traduzida para o grego muito famosa, chamada Septuaginta. Ela recebeu esse nome porque segundo a tradição, foi traduzida por setenta anciões judeus que fizeram um trabalho de excelência sobre a versão hebraica.

Jesus validou o Antigo Testamento

Muitas pessoas não sabem, mas foi essa versão, a Septuaginta, a Bíblia que era citada por Jesus nos evangelhos e que foi utilizada pelos discípulos quando citavam o AT para escrever o Novo Testamento. De fato, Jesus e os discípulos confiavam tanto na fidelidade desses escritos que não só os citavam, mas o chamavam como fazemos ainda hoje: a Palavra de Deus.

Os manuscritos do Mar Morto

Mas para entendermos melhor como o Antigo Testamento se manteve com seu texto fiel ao original hebraico, precisamos de um pouco de história. Acontece que bem antes do nascimento de Cristo, o Império romano dominou a Terra em que os judeus habitavam. E a forma como eles lidavam com essa dominação causou divisões internas. Um desses grupos, chamados de essênios, preferiram se retirar das cidades e escolheram viver isolados nos desertos, sem a influência da cultura de Roma.

Eles se dedicavam com afinco à vida religiosa e a fazer cópias das Escrituras hebraicas. Mas depois de várias rebeliões dos judeus, esse grupo também foi perseguido pelos romanos. E em meio à perseguição, esconderam as cópias dos livros do Antigo Testamento em cavernas espalhadas pelos desertos. Com o tempo, essas cópias se perderam e ficaram assim por milhares de anos, até 1947:

“um jovem pastor estava cuidando do seu rebanho perto da costa do Mar Morto, a cerca de 24 quilômetros a leste de Jerusalém. Pelo que se conta, ele viu uma caverna nos rochedos acima e jogou uma pedra dentro dela, e, para sua surpresa, ouviu um som de pote se quebrando. Ao investigar o que era, encontrou três rolos que estavam protegidos dentro de potes de barro. Um dos rolos era uma cópia completa do livro de Isaías, escrita cerca de 150 anos antes de Jesus, mil anos mais antiga do que qualquer outra cópia previamente descoberta”.

A Bíblia e sua História, Stephen M. Miller & Robert V. Huber
Reprodução fotográfica do Grande Pergaminho de Isaías, séc II a. C.
Dois frascos de Pergaminhos do Mar Morto no Museu da Jordânia, Amã. Crédito: Osama Shukir Muhammed Amin FRCP(Glasg).

O que se descobriu na década seguinte, foi uma verdadeira biblioteca em diversas cavernas com cópias e mais cópias dos livros da bíblia hebraica. E para nossa grata surpresa, as cópias mais antigas da Bíblia, que existiam desde antes de Jesus, são idênticas aos livros do Antigo Testamento que temos hoje. Atualmente, os Manuscritos do Mar Morto podem ser vistos no Santuário do Livro, uma ala do Museu de Israel em Jerusalém.

Nesta caverna, em Qumran, na Cisjordânia, foram encontrados os manuscritos do Mar Morto. Crédito: Effi Schweizer.

Conclusão do Antigo Testamento

Portanto, podemos afirmar com toda a certeza: o Antigo Testamento que lemos é o mesmo que Jesus e seus discípulos leram e pregaram há milhares de anos atrás. Logo, essa é primeira parte que comprova que a Bíblia permaneceu inalterada com o tempo.

A fidelidade do Novo Testamento

Para verificarmos a fidelidade do texto do Novo Testamento, a situação é oposta a do Antigo Testamento. Se existia escassez de cópias antigas, para o Novo Testamento nós temos milhares e milhares de cópias.

A crítica textual

Para termos uma ideia, há mais de 5300 manuscritos (cópias de livros) do Novo Testamento. E a área da teologia que se dedica a investigar essas cópias para encontrar o texto fiel ao original é a crítica textual. Esses estudiosos desenvolveram diversas técnicas de análise textual para comparar os textos e chegar ao conteúdo original.

É assim que, com o passar do tempo, nós vamos alcançando bíblias com versões aprimoradas. E juntamente com as descobertas da arqueologia, surgem estudos que analisam o texto dentro do contexto de sua época com mais profundidade. Esse trabalho têm lançado mais e mais luz para o entendimento e melhoria das traduções do texto sagrado.

A análise exegética

A exegese é a área da teologia que se dedica a análise do texto em si, seu conteúdo e a extração do seu significado original. Mas como o Novo Testamento é completamente baseado no Antigo, podemos verificar sua fidelidade analisando seu contexto com as Escrituras que eles citam. De fato, os autores do Novo Testamento procuram comprovar que Jesus de Nazaré é o Messias prometido utilizando as profecias do Antigo Testamento. Essa é outra forma que qualquer leitor pode se utilizar para comprovar a fidelidade da Palavra de Deus.

Conclusão do Novo Testamento

Temos milhares de cópias e material suficiente de várias épocas para comparar. Mas em todo esse compêndio, o conteúdo permanece o mesmo: sabemos que o texto bíblico do Novo Testamento também possui a mesma raiz a despeito do passar dos anos. É a segunda parte que prova como a Bíblia permaneceu inalterada com o tempo.

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Conclusão geral

De forma geral, podemos dizer que esses dois elementos: os Manuscritos do Mar Morto e os milhares de manuscritos do Novo Testamento, nos dão evidências sobradas de que o texto bíblico que lemos hoje, é o mesmo abalisado por Jesus e seus discípulos. Portanto, se o argumento para não confiar na Bíblia é de que ela foi alterada com o tempo, não é necessário ter esse receio. Temos provas, mais do que suficientes, de que a Palavra de Deus permaneceu inalterada ao longo de todos os milhares de anos.

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