Ilustração sobre o mito de Lilith

Quem foi Lilith na Bíblia?

O nome Lilith tem se tornado cada vez mais popular na internet, especialmente em discussões sobre sua possível relação com Adão. Alguns sugerem que Lilith foi a primeira esposa de Adão, mas onde Lilith aparece na Bíblia?

Introdução

Qualquer um que já leu o livro de Gênesis sabe que esse nome não aparece no relato da criação. De fato, o nome “Lilith” não é mencionado em nenhuma das principais histórias bíblicas. Na verdade, ele só aparece uma vez na Bíblia; no livro do profeta Isaías. No entanto, essa menção é vaga e aparece apenas em algumas traduções. Veja o texto:

E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si.

Isaías 34:14

Nesta passagem, “Lilith” aparece em outras traduções apenas como “coruja” ou “criatura noturna”, o que mostra o seu uso meramente simbólico, e não como uma pessoa literal. Diferente do que têm aparecido na internet, a origem de Lilith não tem nenhuma relação com Adão ou com qualquer história narrada na Bíblia. Sua origem vem de um mito da extinta cultura sumeriana.

A origem de Lilith

A figura de Lilith tem suas raízes na antiga Mesopotâmia, muito antes do texto bíblico. Nos mitos sumérios e babilônicos, demônios femininos chamados Lilitu apareciam em histórias que os associavam ao deserto e a tempestades. Eles eram ameaças a crianças e sedutores de homens2.

Ao longo dos séculos, esses mitos influenciaram as tradições judaicas. Foi no Talmude, um conjunto de textos judaicos posteriores à Bíblia, que surgiu a lenda de Lilith como a primeira esposa de Adão. Segundo essa tradição, Lilith foi criada do mesmo pó que Adão, mas, por se recusar a ser submissa, ela fugiu para o deserto. Em resposta, Deus teria criado Eva, a esposa “ideal”, a partir da costela de Adão.

Lilith na cultura judaica

Além do Talmude, a figura de Lilith também aparece na Alfabeto de Ben-Sira e em textos místicos da Cabala. Nessas versões, ela assume a forma de um demônio noturno que ameaça recém-nascidos e seduz homens enquanto dormem. Por isso, muitas tradições judaicas viam Lilith como uma figura perigosa.

Apesar de não fazer parte da Bíblia oficial, Lilith se tornou um símbolo do mal em algumas tradições judaicas. No entanto, sua imagem sofreu transformações ao longo dos séculos.

Lilith na cultura moderna

Nos séculos recentes, Lilith ganhou uma nova interpretação por movimentos feministas e culturais. Muito provavelmente pela influência do movimento feminista é que Lilith se tornou conhecida na atualidade porque em variações do seu mito, ela teria questionado o fato de ela ter a mesma origem do homem e se rebelado contra Adão e contra Deus.

“Nós somos Lilith!”, diz o cartaz em uma passeata na França, em 2018. Crédito: Jeanne Menjoulet, via BBC.

Para esses movimentos, em vez de ser apenas um símbolo demoníaco como retratado em suas origens, Lilith representa a mulher que se recusa a ser submissa e luta por sua liberdade, o que contrasta fortemente com a história bíblica de Eva.

Conclusão

Embora Lilith tenha ganhado notoriedade em muitas histórias e mitologias, sua conexão com a Bíblia é mínima. O nome aparece apenas uma vez, em uma passagem obscura do livro de Isaías, e não há nenhuma ligação entre Lilith e Adão nos textos bíblicos. A história de Lilith como a primeira esposa de Adão vem de tradições judaicas posteriores e mitos da antiga Mesopotâmia.

Hoje, Lilith é vista de maneiras diferentes, tanto como uma figura mitológica do mal quanto como um símbolo de liberdade feminina. No entanto, é essencial reconhecer que sua origem está ligada a mitos antigos e não à Bíblia.

Referências

  1. Kraeling, Emil G. “A Unique Babylonian Relief.” Bulletin of the American Schools of Oriental Research, no. 67 (1937): 16–18. https://doi.org/10.2307/3218905. ↩︎
  2. Patai, Raphael. “Lilith.” The Journal of American Folklore 77, no. 306 (1964): 295–314. https://doi.org/10.2307/537379 ↩︎

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